sábado, 8 de fevereiro de 2014

Estação Guapimirim - Guapimirim - RJ

Olha, eu não morri!!

  Mas confesso, caros leitores (se é que vocês ainda existem) a vida na faculdade de engenharia é complicada, não da tempo de fazer nada direito, e como não gosto de fazer nada pela metade, fica difícil fazer boas postagens. Mas aqui tem material fresquinho para vocês!

   Nessas férias de 2014, consegui organizar minha vida e finalmente fazer uma expedição que queria fazer a MUITO tempo, mas sempre ocorria algum problema dias antes a minha partida. Estamos hoje em Guapimirim, uma cidade bem legal no interior da região metropolitana do RJ.

  A estação de mesmo nome da cidade fazia parte da E. F Teresópolis, estrada essa que não durou muito tempo, ela partia do porto de Pieade, no fundo da Bahia de Guanabara e partia para Teresópolis, mas em poucos anos o trecho entre Magé e o Porto foi extinto, e a ferrovia ficou nas mão da E.F Central do Brasil que suprimiu trecho de Guapimirim até Teresópolis. A estação de Guapimirim possui uma mesma estrutura que a de Vila Inhomirim servindo como base e a última estação antes de iniciar a subida para a serra no tempo que existiam as linhas.

  Hoje Guapimirim serve como ultima estação do Ramal de mesmo nome da Supervia, cortando diversos distritos de Caxias e Magé.

Vista da Cidade e a linha cortando toda a região

Vista do Terreno da Estação - Notem para o Tringulo de Manobras quase escondido pelas árvores e pelas casas.
Estação e Plataforma.


   Bem, vamos lá, e quando falo "vamos lá", tem que ter muita vontade mesmo, porque a viagem é demorada e cansativa nos queridos trens da Supervia, a qual você caro leitor deve conhecer, mesmo não morando no Rio de Janeiro. 

   Peguei um trem para Saracuruna as 8h na Central do Brasil, chegando em Saracuruna as 9:20h, porém os horários do trem para Guapimirim não batem, logo tive que ficar esperando na estação por mais de 40min. Ao menos tinha banheiro lá, mas não tinha água (Obrigado Cedae). Após a espera, finalmente embarco na locomotiva para Guapimirim, o sistema é idêntico ao de Vila Inhomirim com a diferença de que em quase todo o trajeto é apenas um trilho, só perto de algumas paradas grandes como Magé que linha se duplica ou triplica, mas as ramificações não servem de nada se a linha principal é apenas uma. 

   Acredito que no passado deve ter havido mais linhas neste ramal, mas foram desativadas/roubadas (vi vários postes feitos com pedaços de trilhos) e as ramificações estão com os trilhos bem enferrujados constatando que não passa trem nelas a muito tempo cenário diferente da linha principal com os trilhos polidos na parte superior, demostrando a atividade de composições. Graças a essa uma unica linha, a locomotiva que vai é a mesma que volta, em um trecho de aproximadamente 45KM entre Saracuruna e Guapimirim, deixando os intervalos de partida e chegada nas estações muito grande, chegando as vezes a 3h entre uma partida e outra. Se fosse trem turístico, tudo bem, não é serviço vital a população, mas neste caso estamos falando SIM de um serviço de transporte vital, grande parte da população de Guapimirim e redondezas depende deste trem para chegar ao trabalho em Caxias ou no Município do Rio de Janeiro.

   Pois bem, cheguei em Guapimirim por volta de 11h e só poderia voltar para casa as 16:40h e se eu perde-se esse trem das 16h... melhor armar acampamento, porque era o ultimo trem dos incríveis 3 trens que parte por dia. 

  Fiquei apaixonado com a cidade de Guapimirim, calma, pessoas simpáticas, aquele ar de interior onde todos se conhecem, limpa, ainda vou morar em um lugar assim. Após uma breve caminhada para conhecer a cidade e almoçar, parti para a ferrovia. O sol era de matar qualquer um, mas eu só tinha esse horário entre 13 e 16h para tirar as fotos, bom que ninguém da Supervia me atrapalhou e pude tirar boas fotos.

A clássica U13B recentemente reformada puxado os 3 carros de passageiros, também recentemente reformados.


Meu boné da RFFSA, ainda falarei dele aqui.


Uma U13B estacionada no pátio da estação com a pintura da Central, provavelmente serve de gabarito e doadora de peças para as que estão em atividade.


Mais uma U13B, essa aí é um carnaval de cores, sem numeração, aparenta ter uma pintura da RFFSA e da CBTU, ao mesmo tempo. Vai entender.

Detalhe da pintura da CBTU.


   A cidade e estação de Guapimirim mostram-se um ótimo passeio ferroviário, demora bastante para chegar, porém passar um dia lá e aproveitar as cachoeiras da região valeu muito a pena, fico triste apenas com a falta de estrutura de linhas, porque a locomotiva e os carros estavam ótimos, mas a demora para sua passagem que é o problema. Tirando isso, ótima expedição. Só não recomendo ir em um dia de calor extremo como eu fiz, não foi nada fácil. Pretendo voltar lá para explorar mais a região.

   Para finalizar umas das vistas que o passeio proporciona. A segunda linha que aparece são os trilhos que vão para Vila Inhomirim.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Estação Encantado - Rio de Janeiro - RJ

  Diferentemente da postagem anterior hoje não tem um festival de fotos, não tinha muito o que se fotografar no local que eu fui, porém era necessário um registro fotográfico do local. Não tem mato, trilha ou algum perigo.

  Estamos hoje em perímetro metropolitano, no meio do subúrbio do Rio de Janeiro, na região do grande Méier. Logo perto desta estação fica a antiga oficina de trens do Engenho de Dentro, no passado uma das maiores da America Latina, hoje abandonada (tratarei melhor dela em outra postagem). O bairro que leva o mesmo nome da estação caracteriza-se como residencial, as primeiras casas foram aparecendo de acordo com a criação da Linha do Centro da E.F.C.B linha que vai em direção a Japeri e posteriormente alcança Minas Gerais.



  A estação do Encantado servia basicamente para atender aos passageiros locais que necessitavam se utilizar do transporte de trens do subúrbio, ela foi fundada em 1868 e eu não sei exatamente quando foi desativada, mas os motivos alegados para sua desativação dão conta da proximidade com a Estação Engenho de Dentro e ao baixo quantitativo de passageiros.

  Bem, a primeira alegação até possui algum fundamento a distância entre as duas estações é de 900m. Já a segunda alegação, pelo menos hoje, já não bate com tanta força, uma vez que a região mudou e cresceu muito nas ultimas décadas. Creio eu que a total demolição da estação data da construção da Linha Amarela, onde já que um dos viadutos (o da foto) passa praticamente em cima da estação, se ainda tinha algo lá, foi embora naquela vez.

  Agora vamos as fotos que fiz do local, as quais só consegui graças a uma senhora que vende frutas na praça próxima, um funcionário da prefeitura e um senhor que estava na praça, eles me ajudaram imensamente a encontrar o local e conseguir chegar nas vias, tive que entrar no quintal de uma casa para chegar lá.

Via no sentido Deodoro.
Via sentido Central do Brasil e ao fundo um TUE Série 900  reformado e com sistema de ar-condicionado .


Panorâmica da Região - Não sei porque mas minha câmera não renderizou os trilhos de maneira certa, mas vale o ponto de vista.

Estrutura que provavelmente servia de coluna da plataforma ou do prédio da estação.

  Por fim, o que seria a entrada da estação detalhe para as paredes do lado, as quase sofreram intervenções a muito tempo, talvez fosse ali a bilheteria ou agência. Não sobrou nada para contar história.


  Após as fotos, confesso a você que fiquei um tanto triste, queria achar algo que marcasse realmente a estação, um alicerce, uma porta fechada, qualquer coisa, mas nada encontrei por perto, então eu já estava indo embora em poucos minutos, mas bem quando já me despedia das ótimas pessoas que conheci, um deles me alertou: "Rapaz, vá na entrada da passagem subterrânea e olhe para cima, você verá a antiga entrada da estação, e não é que estava lá!!


  Agora você estar olhando para essa foto e estar pensando: "Onde raios está uma entrada de estação aí?" Olhe bem, atras da grade existe uma parede branca com uma pichação, e no canto esquerdo, esta parede vira 90º o que é indicado pela falta de luminosidade que antes existia. Na fotografia fica ruim de ver, só indo lá que é possível ver melhor, a iluminação da passagem subterrânea não é nada boa, mas realmente existem as escadas, eu as vi, acredite se quiser. 

  E hoje, como estão as coisas por lá? Bem, vou tentar reproduzir o que a senhora que vende frutas me disse: "A estação do Encantado faz falta, agora somos obrigados a ir até o Engenho de Dentro onde só há escada ou andar até Piedade que fica longe daqui para uma pessoa de idade, seria muito bom se a estação voltasse!"

  Devido a condições das vias e da região, acho complicado ela voltar, muito já foi mudado e teria que haver uma esforço imenso para sua reconstrução, além claro de os mesmos motivos de sua desativação surgirem a tona novamente para impossibilitar o projeto ainda em sua fase de escrita. É uma pena, mas infelizmente, acho que não há volta para a Estação Encantado, fica então o registro fotográfico das ruínas do que um ela foi.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Viaduto Paulo de Frontin - Vera Cruz - Miguel Pereira - RJ

  Eis hoje que trago-lhes um post que possui um certo valor especial para mim, foi uma das expedições mais legais e ao mesmo tempo mais perigosas que fiz, e logo vocês saberão o porque com o desnovelar da história...
  Estamos no município de Miguel Pereira, mais precisamente no distrito de Vera Cruz que fica a alguns quilômetros do centro do município. Chegar lá  não é uma tarefa fácil, o viaduto encontra-se em uma região de vale e em um nível bem abaixo da região urbana, só conhecendo a região ou pedindo informação é que foi possível chegar lá. Meu objetivo principal antes nem era chegar no viaduto, e sim em um hotel que fica nos arredores, depois de conhecer o caminho tinha que ir conhecer esta ponte de arquitetura sem igual. Vamos agora a parte geográfica, onde fica exatamente este lugar? É ruim de chegar mas não precisa levar kit de Sobrevivência ou coisa do tipo, garanto-lhes. 

(Clique nas Imagens para melhor visualização)

Mapa  da região de Miguel Pereira, em preto o leito original da Linha Auxilar e suas curvas beirando as encostas dos morros, detalhe a direita para o localização do Viaduto

Visão aproximada do Viaduto, as imagens de satélite são antigas, o que não ajuda na resolução.
  Através da primeira imagem, nota-se a real distância da área urbana até o Viaduto, calculo que seja algo em torno de 20 a 30 Km de distância percorrendo estradas de cascalho, barro e as vezes asfalto, por ser um terreno arenoso desabamentos são constantes durante as chuvas, dificultando o acesso, mas nada impossível. 

  Após encontrar uma trilha em direção a um morro e entrar no matagal que a cerca as extremidades da ponte, eis que a a linha férrea abandonada surge e todo o seu leito sobre a estrutura metálica centenária totalmente preservado, claro, na medida do possível, desde 1996 não passam mais trens ou qualquer equipamento ferroviário naquela linha. 

  O viaduto ferroviário Paulo de Frontin, é uma construção de arquitetura e engenharia Belga, possui 82 metros de largura, contando das extremidades fincadas nos morros e 32 metros de altura contando a partir do leito do Rio Santana, que passa por baixo do seu arco, foi construído em 1897 pela Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil e passou a ser da Estrada de Ferro Central do Brasil em 1903 como parte da famosa Linha Auxiliar. Futuramente a linha entrou para a RFFSA e nesse trecho era comum a passagem de um famosos trem turístico, o trem Azul, o qual deixo esse panfleto da época de gestão da RFFSA.




  O viaduto era um dos pontos chave da viagem, como era uma composição de apenas três carros era possível deixar os mesmos por cima do viaduto por completo, imagina a vista e sensação do passageiro ao da janela do trem ter uma vista como essa? Os morros ao redor, o Rio Santana passando por baixo, devia ser um passeio inesquecível, queria eu estar vivo nessa época para andar no Trem Azul.

  Agora, caro leitor, peço-lhe atenção para um detalhe na imagem de satélite, sobretudo para a disposição da linha, se você reparar o Viaduto é o ponto mais extremo da linha naquela região, a ferrovia vai até ele atravessa o viaduto e volta do outro lado do rio e subindo para o Lago Javary, e logo em seguida alcançando o centro da cidade de Miguel Pereira, mas então pra quê ir e voltar?

  Isso vem da configuração da linha desenhada por Paulo de Frontin, engenheiro responsável por esta ferrovia e homenageado no viaduto. A linha foi feita eita para obedecer um raio de curva de mínimo de 100 m e ter o mínimo de pontes, pra quem não sabe, nas ferrovias uma curva é medida em raio, então pense a curva como um arco de circunferência, e se essa circunferência for completada, seu raio deve atender as medidas padrões da ferrovia e dos veículos que transitarão por ela, quanto maior o raio melhor, trens não gostam de curvas, isso é fato, quanto mais fechada a curva mais lento o trem precisa ir. Outra questão que afeta é a rampa, ou seja, inclinação da via férrea, para subir um morro o ideal é que a via o tangencie com o grau de inclinação mais baixo, assim o trem terá mais facilidade para subir. 

  Munido destas informações, entende-se o porque de a ferrovia dar esta volta no vale desta região, assim os raios de curva seriam respeitados, apenas uma ponte seria construída e o trem tangenciaria as encostas da maneira mais eficiente. (leitores e engenheiros, se eu escrevi alguma besteira, corrijam-me!) 

Agora vamos em fim a expedição em si e as fotos que tirei de lá:

Adentrado pela mata adjacente é possível ter essa vista oposta da ponte, a maioria das fotos é do lado outro lado. Na Placa está escrito: "Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil - 1897"

Sentido da linha em direção ao Rio de Janeiro, não fui naquela direção pois não estava com vestimentas apropriadas.

Trilhos que resistem ao tempo.

A parte alta do Viaduto e sua curva característica, que só pode ser notada de cima dele.


Uma placa localizada alguns metros antes do Viaduto, seria uma indicação de Quilometragem? Aviso sobre a curva do Viaduto? Não sei, sua informação foi levada pelo tempo...

  Bem, as fotos podiam parar por aí, a vista de cima da ponte, os trilhos, tudo legal, mas algo dentro de mim pedia para eu ir do outro lado do viaduto e atravessa-lo pelo acesso de concreto lateral, então eu fui. Só não sabia que as placas estavam soltas, quase joguei uma lá de cima com a minha pisada, tirei o pé na hora certa, depois dali fui me equilibrando na barra de contenção (que não estava muito segura) e pisando na viga de sustentação lateral, e graças a isso consegui mais algumas fotos.

Vista do lado direito do viaduto

Os pés Nº 47 de seu autor que quase não cabiam na largura da viga lateral.

Sentido Miguel Pereira

Um terço do caminho completado.

Detalhe a estrutura do arco em contraste com o Rio Santana.

Um terço do caminho, sentido Miguel Pereira


A grande de proteção já teve seus dias de glória...

Parte Central do Arco e a placa de concreto que eu pisei.

Detalhe da outra porção do arco.

Este que vos escreve, tentando tirar uma foto: "Natural"

Vista do lado esquerdo.

Finalmente, o outro lado do viaduto!!






 Voltar foi mais fácil do que ir, mas o medo de cair ainda batia, mas ocorreu tudo bem e eu consegui esse registro, alias falta registro desse viaduto, uma obra tão magnífica e imponente como essa e tão pouco lembrada e registrada.

  Mas e o Viaduto Paulo de Frontin hoje?


  Bem, ele está lá, lutando contra o tempo e a corrosão, mas segue firme e forte, creio eu que poucas reformas seriam necessárias, maiores alterações seriam feitas em âmbito estético e para a proteção da estrutura metálica. Além de ele estar ali simplesmente e fazer parte do cotidiano dos moradores locais a estrutura é utilizada para a pratica de rapel por algumas pessoas de passagem pelo local.

  Para finalizar, deixo-lhes mais estas imagens do Viaduto em planos mais gerais, não encontrei imagens antigas dele.







domingo, 17 de fevereiro de 2013

Estação Vila Inhomorim (Raiz da Serra) - Rio de Janeiro - Magé

Esta foi minha primeira expedição realizada em meados de 2010. Ela foi bem amadora, como pode ser observado em algumas das fotos. Quem já fotografou estações, notará meu amadorismo na qualidade de determinadas fotografias, mas garanto-lhes: depois melhora (eu acho). Então, vamos lá!

Conhecer o Ramal de Saracuruna foi uma grande descoberta para mim. Percorrer seus trilhos foi algo inédito em minha vida, já que estava só acostumado a percorrer o ramal principal - o de Deodoro - nas linhas do trem parador. Um dia, marquei de ir para a ultima estação ligada a Ramal Saracuruna, (sim, Vila Inhomirim fica em outro ramal, que é ligado unicamente pelo Ramal Saracuruna. Já já explicarei melhor sobre isso em termos estruturais e geográficos.)

Fomos eu, minha amiga Beatriz e sua mãe. Chegamos lá bem cedo, os horários de funcionamento são bem escassos, só havendo um número maior de viagens de ida e volta nos horários de pico. Então, se você for um dia lá, vá cedo. Ou então espere por longas horas sentado no banco da estação de Saracuruna.
Ok, mas onde raios fica Vila Inhomirim ou, para os mais chegados, Raiz da Serra (Gosto mais de Raiz da Serra)? Bem, aí vai uma série de mapas para a localização geográfica da estação e cidade. Clique na imagem para melhor visualização.

Localização da Estação em Relação aos Municípios Vizinhos e a Bahia de Guanabara


O centro do distrito de Vila Inhomirim, ligado ao município de Magé
A estação propriamente dita.

Agora, caro leitor, atente a um detalhe na ultima foto: repare que na região em torno da única plataforma da estação existe uma grande área verde descampada e uma marca de duas linhas, que saem da via principal, dando início ao que parecia ser um pátio. Bem, em um passado distante era um pátio mesmo, e muito movimentado por sinal,  te explicarei o porquê.

A estação de Villa Inhomirim existe desde 1856, ou seja, mais de 150 anos (não vou marcar a idade exata, assim o texto não fica desatualizado). Foi integrante da primeira ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro Mauá, fundada dois anos antes,  que serviu como importante rota de passageiros e mercadorias para a cidade de Petrópolis, onde dali o trajeto iniciava-se por diligências. Atingiu seu auge durante a administração da E.F Príncipe Grão Pará e a E. F Leopoldina, onde o trem começou a subir a serra atingindo também as cidades de Petrópolis e Areal. Inhomorim virou um ponto de parada essencial para o início da subida das locomotivas com cremalheira: todos que queriam que subir tinham que parar na estação para trocar de trem ou esperar o acoplamento da outra locomotiva nos carros que vinham do litoral.

Agora observem as fotos a seguir, da para notar melhor a estrutura do antigo pátio e as ruínas da antiga estação:








Agora sim da pra ter noção do tamanho que era o lugar, calculo eu que a área abandonada ultrapasse em duas vezes a área útil, ou seja, plataforma, estação e agência. Na ultima vez que passei por lá, tinham colocado cestas de basquete na área quadricular antes da estação, não é a atividade ideal para uma estação ferroviária, mas é boa alternativa para a utilização do espaço.

Agora que a estação já foi apresentada em seu contexto histórico, como ela está hoje? 

Bem, segue funcionando, porém somente com algumas viagens que partem de Saracuruna, em três carros de passageiros puxados por uma GE U13B, uma locomotiva um pouco ultrapassada para os tempos de hoje, mas é  o que o Brasil e a Supervia possuem, ao menos agora as locomotivas que fazem o trajeto estão reformadas, então elas seguem firmes e fortes desempenhando suas funções.

Chegar lá é uma tarefa um pouco demorada, contando da Central do Brasil, demora-se cerca de 3 horas para chegar ao fim da linha, durante o trajeto existem 25 estações. Até Saracuruna se vai em trens elétricos ou TUE's (Trem Unidade Elétrica), numa média de 70 Km/h, isso quando as linhas estão boas e o próprio trem também está, paradas de sinalização são rotineiras e certa parte do caminho até onde eu sei é feita no sistema "Pare e siga", sim, exatamente isso que você leu, não existe uma linha pra o trem ir e outra para voltar, tudo é feito com apenas uma linha, no trecho das U13B a situação piora e mais regiões como essa aparecem. A velocidade no trecho entre Saracuruna e Vila Inhomirim varia muito, mas não passa dos 50 Km/h, garanto-lhe, mesmo com as locomotivas podendo alcançar o dobro disso, mas se elas forem a essa velocidade, os trilhos não irão suportar, ainda mais em bitola métrica (em breve falarei exclusivamente das Bitolas aqui).

Mas sabe de uma coisa? Mesmo com os problemas e contratempos do caminho, a viagem é muito prazerosa, principalmente no trecho após Saracuruna, sentir o balanço dos carros, o arranco da locomotiva e seu apito inconfundível, colocar o rosto na janela e ver as pessoas passando nas ruas das cidades cortadas pela linha férrea, a mudança de clima provocada pela chegada a base da serra de Petrópolis, a natureza ao redor, tudo. Se alguém quiser um dia sentir como é andar de trem mesmo no Rio de Janeiro, aconselho fazer este passeio, sair do ambiente urbano e ir calmamente a uma lugar calmo e cercado de natureza, e quem sabe, dar um pulo em Petrópolis... fica a 30 min de ônibus da estação.

Para o fim desta postagem, deixo-lhes uma imagem do Pátio de Vila Inhomirim em 1960, alguns anos antes de seus dias de glória acabarem, em 1964, com o fechamento do trecho para a serra, comparem esta foto com as dos dias de hoje, a foto é do acervo da RFFSA:

Acervo da RFFSA - Presente também no livro "A formação das Estradas de Ferro no Rio de Janeiro: O Resgate de sua Memória" de Helio Suêvo Rodriguez  - Memória do Trem - 2004